António Marçal Grilo

Estórias da História

António Marçal Grilo

As Campanhas de D. Sancho II

Em 1226, de acordo com o rei leonês, prepara-se a primeira expedição. Na primavera marchou D. Sancho II sobre Elvas, com a hoste real, comandada pelo alferes-mor Martim Anes e pelo arcebispo de Braga, assolava-se os campos em volta, enquanto os leoneses atacavam Badajoz, os capitães de Sancho punham cerco em Elvas.

Acometendo pessoalmente as muralhas, o moço rei revelou-se aí esforçado e bravo até à temeridade. Em certo assalto, esteve mesmo em grave perigo de vida, tendo-o salvado outro valente cavaleiro, Afonso Mendes Sarracines, que para lhe valer se arremessou aos fossos da praça. A vila caiu por fim em poder dos portugueses, mas como se aproximasse o inverno e os leoneses tivessem abandonado a empresa de Badajoz, o exército de D. Sancho II, desprotegido de flanco teve de abandonar também Elvas, depois de a desmantelar.

Na primavera de 1230, Sancho aproveitando a nova investida de Leão e Castela contra os mouros, e sem mesmo esperar pelas mesnadas dos barões do norte, avança em marcha com os seus homens de armas sobre o Alentejo, para ganhar tempo. Mas os mouros, que tinham voltado a habitar Elvas, ao saberem do avanço da hoste portuguesa, abandonaram logo, sem combate, não só Elvas como Juromenha.

No mesmo dia que Mérida caía em poder dos leoneses, Elvas e Juromenha eram ocupadas pelas tropas de Sancho II. A fronteira do sul corria, enfim, pelo Guadiana até Juromenha e, infletindo por Évora e Alcácer até o sado, numa linha regular e continua que desde Sancho I se desejara estabelecer. No fim do ano, D. Sancho II, infatigável, juntava em Elvas novas tropas para a campanha do ano seguinte, quando a morte de Afonso IX de Leão, pelas sérias consequências que acarretava à política do reino, o forçou a abandonar o seu arraial de guerra e adiar a campanha para ocasião melhor.

Em 1232, D. Sancho II, à testa da sua hoste e dos bons freires da ordem dos hospitalários, atravessa o guadiana e marcha sobre Moura e Serpa. Ajudado pelos freires, ataca Moura, que ao fim de breve cerco lhe abriu as portas. Pouco depois, mais ao sul, a vila de Serpa rende-se-lhe também. A defesa das duas praças foi confiada aos hospitalários, que, nesse mesmo ano, por doação real, fundam os castelos do Crato e Castelo de Vide, para guarda da fronteira sul, e base de operações em futuras campanhas. Nos anos seguintes (1234-1235), apesar das intrigas, do mal-estar geral do reino, da hostilidade do clero, da crise latente, D. Sancho II vai continuar gloriosamente a guerra, desta vez associando-se aos cavaleiros de Santiago.

(continua no próximo número)