reflexões in verso
Afonso Dias
sabedoria
sabedoria
sei dos
treze biliões
e meio
de anos do
universo
dos quatro biliões
e meio
de tempo da nossa terra
sei da magia
genética
e do código às bolinhas
que
põe o azul nos olhos
ou o preto nos
cabelos
sei de classes
e famílias
dos animais e das nossas
e das
plantas
e das aves
e mais dos outros
bichinhos
e duns tantos bicharocos
que vagam
voam
vagueiam
tontos
de tanto
labor
sei de modos e
balanços
de modulações tonais
de
paletas e esquadrias
de regras e
temporais
de revoluções perdidas
de
maldades infernais
de mares e condimentos
óvulos e embriões
do vai-vem das
estações
de parténons e sinais
de
tábuas que ditam ordens
que ninguém
respeita mais
sei de molhos e
mezinhas
de tizanas e de vinho
sei de
mozart e camões
de tropeços no caminho
sei de quixote e ghandi
de males de amor
sei demais
filosofias viagens
dulcineias imortais
de risos sei e de
sonhos
e da essência da espera
do
mistério dos amigos
do sabor a primavera
não sei contudo a ciência
que conduz
à alquimia
ao ouro desta incerteza
que
apenas balbucia
o fio da inteligência
que saboreia o saber
que está na
tranquilidade
sei de prodígios
celestes
sei os desastres humanos
mas em resumo e verdade
não sei demais
sei de menos
30.12.2019
- n.8 • janeiro 2020