José Maria de Oliveira

Letras e Traços

José Maria de Oliveira

“MOÇAMBIQUE”
(A síndroma do medo)

Nem toda a gente a conhece! -  A TRAGÉDIA PÁTRIA!
Como descrevê-la?
Como preveni-la?
Como enfrentá-la?
Cruel, gélida, fulminante e “negra” como a pele dos que por vezes ataca!
Outras vezes será “branca” e lívida porque é esse o tom com que amortalha os rostos sem fim que vai ceifando!
As suas vítimas não têm nome, nem cor nem credo... perdem-se nas encruzilhadas do tempo, nos labirintos do mundo, nos abismos da memória.
A tragédia “serve-se fria!
Ora aqui, ora ali, quem sobrevive só vive, quando "vive", da generosidade humana e da presença de mil fantasmas - Outras vezes ceifa tudo...e tudo terá de recomeçar, mas certamente diferente, com outros, porque ninguém, nem nada, se repete.
Agora foi (e continua a ser) Moçambique um país mártir por excelência: e tudo a água levou e agora tudo, o ódio e a loucura dos homens querem levar! Causa terror, e carnificinas por isso chamam-lhe terrorismo, mas é infinitamente mais: é o caos que nos habita desde sempre, paralelamente com um “cosmos” que teima em existir…
Gentes, casas, lavouras e o que resta, tudo a água levou, desbaratado, dispersando, afogado, numa mistura de lama e sangue  de milhares de inocentes…
E nós o que faríamos na pele desses milhões de moçambicanos? Deus não nos basta nestas alturas e, normalmente, só se faz representar, por aqueles que O têm – com ou sem nome – no coração, pelo sentimento da compaixão, da solidariedade, da empatia da verdadeira religião: o sentimento de pertencermos a um todo.
Este apelo é para si amigo(a) leitor(a), que talvez nem sequer sonhe, e ainda bem, o que é perder tudo, mas mesmo tudo, e ficar sem nada, como quando se cai no mundo, sem pai nem mãe, mas com mais dor à mistura!
Como sempre o homem continua a sofrer…  é a sua condição… e a generosidade é ainda uma das muitas virtudes que nos distingue do que resta da horda selvagem que nos habitou desde sempre e isso faz de nós seres “empáticos” o que nos faz sentir na pele a dor dos outros como se fosse a nossa.
Dizem-me alguns, muitos, (demasiados) para ser tranquilizador:
- O Estado que pague!
- O Estado que faça!
- O Estado que dê!
A ONU que trate do assunto!

Também já pensei assim, quando atirava as culpas dos meus males para os outros e nada melhor que o “estado” (entidade pai) para bode expiatório da nossa falta de iniciativa, generosidade, de coragem, de capacidade de entrega e de amor!
Eu, pessoalmente, gosto de dar, dou por mim, o que posso, muitas vezes, quando posso, e sinto-me sempre mais rico! E, até hoje, ainda nada me faltou por ter dado, por dar!
Quanto ao Estado:  que dê por ele, quando puder ou quando quiser... também ele é “feito” de fragmentos da consciência colectiva, e aqueles que o constituem, como células que são, também não se devem escudar, impunemente, debaixo do seu transitório “estado de graça” e impunidade.
Amigos: Moçambique não pode esperar, hoje eles, amanhã nós, quem sabe!?
Não espere por amanhã, pois há sempre amanhãs que nunca chegarão!
Não deixe apagar a sua chama solidária!

HÁ MUITA GENTE BOA EM CAMPO A RECOLHER DONATIVOS:
INFORME-SE, MAIS UMA VEZ (AS QUE FOREM PRECISAS) VAMOS AJUDAR MOÇAMBIQUE!!!