Fernando Correia

Crónica

Fernando Correia

DO LADO DE CÁ É O LIMITE DA NATUREZA

O Padre Vítor Feytor Pinto deixou – nos fisicamente e foi sentar – se ao lado de Deus, como sempre desejou.
No entanto, ficou connosco em espírito, mostrando, através da sua alma pura, tantas obras que são o seu legado, para que possamos meditar no valor da vida, na importância da ética, no que representa lutarmos, em conjunto, por um Mundo melhor.
Andamos juntos pela nossa juventude em Coimbra, na Figueira da Foz, em Buarcos, em Alvaiázere (com o Vaz de Morais) e mais tarde por muito Mundo, ele cumprindo os seus desígnios de sacerdote e eu atravessando as conquistas radiofónicas que me deslumbravam.
Diria que vivíamos ambos os nossos sonhos de infância e nos realizávamos nas nossas vocações, mas os corações batiam em conjunto pela importância e pela responsabilidade de darmos significado à vida.
O Vitor dizia muitas vezes que: a MORTE É APENAS UMA PORTA.
DO LADO DE CÁ É O LIMITE DA NATUREZA.
DO LADO DE LÁ É A TERNURA DE DEUS.
O Padre Feytor Pinto andou pela Ermida dos Três Reis, no Campo Grande, durante vinte anos, a espalhar a sua palavra amiga que, mais tarde, reuniu num livro chamado “A Palavra Vivida”.
Para mim não foi só a palavra vivida. Foi também a palavra da descoberta, da revelação, do amor, da verdade, do espírito, que sorvi avidamente e guardei dentro de mim.
Quando o Padre Vitor deu o seu impulso criativo ao movimento “Por um Mundo Melhor” ou foi Alto Comissário para o “Projecto Vida” ninguém se admirou. Era ele no seu esplendor espiritual, sempre à procura de novas portas para a vida, de novas entradas para a eternidade, onde agora se encontra.
Foi Capelão do Papa Bento XVI, não como reconhecimento pelo seu trabalho fraterno e construtivo, mas sim como aproveitamento das suas qualidades humanas.
E era isso, apenas isso, que tinha significado para ele. Lutar por um Mundo melhor e mais justo, com menos desigualdades sociais, onde coubessem a Verdade e o Amor e onde dessemos as mãos compreendendo como era importante vivermos unidos, trabalhando para o mesmo fim de aperfeiçoarmos o Templo Divino que existe dentro de cada um de nós.
A porta abriu – se para ele. Já está do outro lado da vida, onde tudo tem mais significado.
Acredito que esteja feliz, ao pé de Deus, como sempre desejou.

FERNANDO CORREIA, 06/10/2021

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