Fernando Correia

Crónica

Fernando Correia

À BEIRA DA INSENSATEZ

Confesso que fiquei desconfiado com a atitude da Uefa ao conceder a Portugal e à cidade do Porto a organização da final da Liga dos Campeões entre duas equipas inglesas.

No entanto, e como acredito nas boas intenções e nas boas soluções, entendi que a responsabilidade organizativa, cometida aos portugueses, se devia à forma como o governo português estava a lidar com o “covid – 19”.

A primeira desconfiança surgiu quando percebi que havia autorização para o jogo ter público nas bancadas, o que conflituava, desde logo, com o facto de os jogos entre portugueses se terem disputado (sempre) à porta fechada.

Mesmo assim fui capaz de me convencer que não podia ser doutra maneira, para que os ingleses deixassem cá algum dinheirinho.

Na verdade, a final canalizou para a região do Porto um vastíssimo número de adeptos que gastaram, de facto, muitos milhares de euros, o que foi muito bom para a economia local. Só que, a par dos adeptos convictos, também lá chegou um elevado número de arruaceiros que fizeram questão, aliás habitual neles, de espalhar confusão e, provavelmente, vírus, insensatez, destruição, má educação, álcool, desrespeito e despropósito.

Remediada a questão como foi possível surgiu a seguir o impensável: o governo britânico retirou Portugal da lista verde, só porque sim, mandando os seus cidadãos regressar às ilhas de imediato, para não terem de cumprir quarentena.

Foi a debandada. Foi o caos. Foi ridículo. Foi insensato. Foi aberrante. Foi absolutamente injustificado.

Esta atitude de má política e de mau relacionamento entre povos de aliança ancestral, não foi explicada, a não ser através de um titubeante argumento de doze casos de uma suposta variante, detectados em Portugal, o que obviamente não colhe quando comparado com o resultado da “invasão” britânica pelo futebol. Ou seja: abre – se para o jogo, porque convém e, a seguir, fecha – se ao turismo comum e regrado, porque os países da Comunidade Europeia não são precisos para nada.

Gostava de não ter de perceber aquilo que estou a perceber! 

FERNANDO CORREIA