Fábio d'Abadia de Sousa

Memórias do Futuro

Fábio d'Abadia de Sousa

O Oscar virou uma stand up tragedy

O tapa que o ator Will Smith deu na cara do comediante Chris Rock durante a última cerimônia de entrega do Oscar, o badalado prêmio do cinema hollywoodiano, suscitou paixões por todo o mundo. Uns defenderam Chris Rock e outros apoiaram Will Smith. Mas poucos perceberam que o verdadeiro vilão ali era o próprio Oscar, ou seja, os organizadores prêmio, que, ao longo dos anos, estruturam a cerimônia de forma agressiva e desrespeitosa, sempre recheada com piadas totalmente sem graça e ofensivas às pessoas, principalmente, às minorias sociais.

A premiação em si já traz enormes preconceitos, isso por excluir das principais categorias negros, orientais, latinos, mulheres e homossexuais. O próprio Oscar deveria, a cada ano, ser ganhador de estatuetas por racismo, misoginia e homofobia.  A cena de ofensas e pugilato protagonizada por Smith e Chris Rock foi apenas um sintoma do racismo presente nas cerimônias do Oscar, que, espertamente, coloca um homem negro para ofender pessoas também negras. É exatamente a mesma tática fascista adotada no Brasil pelo presidente Jair Bolsonaro, que colocou na principal entidade responsável por políticas contrárias ao racismo – a Fundação Palmares – um homem negro que se ocupa apenas em ofender, sistematicamente, toda a comunidade negra brasileira.

Os merecedores do tapa na cara deferido por Will Smith não é um outro homem negro, mas todos os organizadores da cerimônia racista e ofensiva às minorias. E este tapa tem que ser dado na forma de boicote a essas cerimônias ridículas e circenses do mais baixo nível. Tem que haver também um boicote aos filmes laureadas com essas estatuetas douradas e que não incluem minorias em suas produções e elencos. Um prêmio que só perpetua discriminações não pode ser levado a sério, e não merece ser considerado o principal do cinema mundial!